O auditório Rodolpho Paulo Rocco (Quinhentão) ficou lotado, nesta segunda-feira (4/04), no quarto e penúltimo debate entre os candidatos à sucessão da Reitoria da UFRJ (2011-2015). Não era pra menos, o Centro de Ciências da Saúde (CCS) é o maior colégio eleitoral da UFRJ e é na área da saúde onde estão baseados todos os quatro indicados nas chapas para ocupar a vice-reitoria.
Em meio a um público híbrido trajando camisetas amarelas e roupas azuis, exibindo ainda no peito botons de seus respectivos candidatos, a chapa 99 destacou-se entre as demais por abdicar da propaganda político-acadêmica e optar por uma campanha baseada na transparência de idéias, com uma proposta embasada para transformar a UFRJ em, realmente, uma universidade do século XXI.
“A chapa 99 quer uma UFRJ verde e nesse aspecto é importante que termos consciência que a universidade do século XXI não permite mais esse tipo de propaganda. Não permite também camisetas amarelas e nem botons. Uma eleição para reitor da UFRJ tem que ser feita na base de ideias” – observou o Prof. Angelo Pinto, candidato da chapa 99.
Para o professor titular do Instituto de Química é urgente que se faça o resgate acadêmico da UFRJ. “Nós não somos mais unânimidade nem no Rio de Janeiro e muito menos no Brasil. Estamos atrás não só das Universidades de São Paulo como também de outras federais” – afirmou.
Propostas para o Centro de Ciências da Saúde
“O CCS em termos de pesquisa, sem dúvida, é o Centro mais avançado da UFRJ. Por outro lado, as condições de trabalho aqui são muito precárias. Não podemos, entretanto, isentar os professores do CCS por essa situação” – advertiu o candidato da Chapa 99.
Em sua fala, chamou a atenção para o fato de que também é responsabilidade de todos os diretores de unidades a captação de recursos para melhorar a sua infraestrutura e não só a aquisição de grandes equipamentos. “Esse é um aspecto que não pode ser negligenciado!” – exclamou.
“Não a como nos dias de hoje a Reitoria abrir a carteira e tirar todos os recursos para um determinado centro na UFRJ, mas há maneiras de manter e aprimorar a infraestrutra de cada centro. O que nos podemos e o que a chapa 99 pretende fazer, é discutir como os recursos orçamentários podem ser destinados a melhoria da infraestrutura do CCS, já que é aí onde se tem a liderança de pesquisa na nossa universidade” – explicou o Prof. Angelo Pinto
Otimizando recursos do CT-INFRA
O CT-Infra é um fundo setorial criado para viabilizar a modernização e ampliação da infraestrutura e dos serviços de apoio à pesquisa desenvolvida em instituições públicas de ensino superior brasileiras, por meio de criação e reforma de laboratórios e compra de equipamentos, entre outras ações. Para a chapa 99, deveria haver uma negociação estratégica entre os pesquisadores da UFRJ para que, a cada ano, um grupo específico recebesse estes recursos. Esta negociação é necessária.
“Quando eu coordenei os recursos dos primeiro CT-Infra do Centro de Ciências Matemáticas (CCMN) e Centro de Tecnologia (CT) no montante de quase 5 milhões de reais, fizemos um plano executivo e o executamos. A COOPE se absteve de receber esses recursos em função das condições ótimas de infraestrutura que já dispunha” – ilustrou o candidato. Em sua opinião, seria possível implementar um rodízio de CT-Infra, já que esses recursos são de um montante considerável.
Angelo Pinto completou dizendo que o CT-infra poderia ainda ser usado na criação de laboratórios compartilhados para doutores recém ingressos nos centros. “É extremamente importante que os novos docentes tenham o apoio” – observou o candidato que tem entre suas propostas a criação de um “Curso de Minerva” para familiarizar todos os novos docentes, técnicos administrativos e alunos com a estrutura universitária da UFRJ.
“No Curso de Minerva os docentes recém-ingressos irão conhecer como funcionam as principais agências de fomento nacionais e internacionais e seus principais editais. Grupos mais experientes poderão ensinar para os mais jovens o caminho da captação de recursos para pesquisa” – explicou o Prof. Angelo Pinto.
Repúdio a Medida Provisória 525 e 520
Aprovada em 14 de fevereiro de 2011, a Medida Provisória 525 dispõe que as vagas de professores nas instituições podem ser ocupadas por professores temporários, sem a obrigatoriedade da promoção de concursos públicos. Quando questionado sobre a MP 525, o candidato da chapa 99 mostrou-se contra a medida:
– Somos contrários a professores substitutos nessa universidade. Nós alcançamos um nível em que substitutos não cabem mais na UFRJ. Temos uma pós-graduação muito forte. Vários cursos com conceito na Capes 6 e 7. Por que não usar os alunos de doutorado em funções docentes supervisionadas?
No que diz respeito à Medida Provisória 520, que cria a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH) com a finalidade de gerir os hospitais das instituições federais de ensino superior, o Prof. Ângelo Pinto também se mostrou contrário.
“Essa Medida Provisória nos devemos rechaçar, mas também não é com a política de contratação extra-quadros atual que o Hospital Universitário vai se desenvolver. O HU deve ser, antes de mais nada, um laboratório de Ensino e Pesquisa” – observou o candidato sugerindo a criação de uma comissão interna e externa para dar um norte para o hospital Universitário.
Espelhando-se em Hospitais Universitários modelos como o da Federal do Rio Grande do Sul (UFRS) e com o auxílio de uma junta de ex-diretores do Hospital Universitário, será possível organizar sua gestão e definir suas prioridades. Para a chapa 99, não é o Reitor que deve tomar a frente do processo, mais sim o seu corpo social.
Pauta semestral para Conselho Universitário
Uma pauta semestral com itens a serem de debatidos no Conselho Universitário foi proposta pelo candidato Ângelo Pinto para que o Conselho tenha certa organização. Para ele, o Conselho Universitário é a principal instância dessa universidade e ele não deve existir somente para apagar “incêndios”, tem que discutir os rumos da UFRJ. “É importante que essa pauta exista em função dos grandes problemas dessa universidade” – explicou.
No debate à sucessão da Reitoria, realizado no Centro de Ciências da Saúde (CCS) da UFRJ, o Prof. Angelo Pinto aproveitou para reiterar outros pontos importantes de sua plataforma de gestão da universidade. Entre eles a necessidade de cada centro apresentar relatórios anuais de suas atividades (transparência), incentivo à qualificação do corpo técnico-administrativo da UFRJ, política de expansão dos cursos de licenciatura noturna e assistência estudantil mediante contrapartida de prestação de serviços à comunidade.
“Na chapa 99 não há promessas e muito menos recompensas. Cada um de vocês eleitores tem que decidir o que é melhor para a Universidade. Aquele que traz realmente uma proposta nova. Votem sem medo. Votem no melhor” – recomendou Ângelo Pinto que encerrou o debate deixando a seguinte mensagem:
- Nós temos estudantes excelentes, um ótimo corpo docente e bons técnicos-administrativos – e eu, como sou químico, diria – na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma e é com esse material humano que nos poderemos fazer a universidade do século XXI!
Por Lúcia Beatriz Torres
Jornalista
Por Lúcia Beatriz Torres
Jornalista
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