terça-feira, 12 de abril de 2011

QUAL A SUA AVALIAÇÃO DO ATUAL PROCESSO ELEITORAL?

Uma eleição para Reitor da UFRJ cuja única exigência é o título de Doutor quando quase 90% do corpo docente da Universidade têm o título de doutor, precisa ser repensado pelo Conselho Universitário, para que não se estimule a candidatura de aventureiros.  Outro aspecto que vem chamando a atenção é a forma como alguns dos candidatos vem fazendo a sua campanha eleitoral. Será que faixas, santinhos, jornais são as melhores forma de propaganda, quando até nas recentes inssureições nos países do Oriente Médio e da África foram usadas as redes de informação da Internet? A grande contradição, é que alguns Diretores de Unidades vêm usando estas redes para convencer professores, estudantes e técnicos administrativos de suas Unidades a votarem em seus candidatos.
 A forma como vem se dando os debates, nos quais são feitas promessas irrealizáveis, vem apequenando o processo eleitoral. Se forem construídos tantos alojamentos e bandejões como vêm sendo prometidos, faltará espaço para salas de aulas no campus da Cidade Universitária. As questões de fundo como não rendem votos, são deixadas de lado. Falar em avaliação docente, avaliação de Unidades, meritocracia acadêmica, profissionalização da gestão e expansão dos Cursos Noturnos de Licenciatura, é um grande sacrilégio. Tudo se critica, desde o Reuni ao trânsito caótico do campus da Cidade Universitária, esquecendo-se que a UFRJ vive um grande apagão cultural, e que está cada vez mais fragmentada. Cada vez temos menos professores em sala de aula, como se o exercício da docência fosse uma atividade de segunda categoria. Não se pode esquecer que na Universidade deve-se produzir conhecimento, e as ideias devem ser livres, sem as amarras do autoritarismo.
A forma como o debate vem se dando, quando alguns candidatos deixam de lado a discussão sobre quais os rumos acadêmicos que a UFRJ deve seguir, para se comportarem como gladiadores e guardiões da moralidade pública poderá mergulhar, mais a frente, a UFRJ numa nova grande crise, esfacelando-a ainda mais. Passadas as eleições, será necessário que todos se envolvam nas discussões da Reforma do Estatuto da universidade, e que a paz volte a reinar.
A UFRJ não pode continuar sendo atropelada pelo Governo Federal, pelas agências de fomento ou por quem quer seja. É preciso que volte a exercer sua autonomia, e recupere a unanimidade que já foi. Os pró-Reitores não podem continuar sendo escolhidos porque são de Unidades com alta densidade eleitoral. Mais importante do que as Unidades as quais pertençam, são os seus perfis acadêmicos.
A UFRJ tem um alunado de excelência, e professores e técnicos administrativos de excelente qualidade. Falta, entretanto, que esta riqueza se traduza na criação de novos conhecimentos, e que a universidade se aproxime mais da Sociedade, que financia este enorme complexo acadêmico. É preciso que as portas da Universidade estejam abertas para receber, com qualidade, mais estudantes. É uma vergonha que só 12% dos brasileiros jovens estejam nas universidades brasileiras,  sendo que 70% destes na rede particular. É necessário que o campus de Macaé se expanda e que o Pólo de Xerém se consolide. A interiorização é uma necessidade do estado do RJ. Deve-se lutar por uma segunda fase do Programa Reuni para que estes campi se consolidem. Uma universidade como a UFRJ, com um enorme contingente de mestrandos e doutorandos, precisa aproveitar melhor seus pós-graduandos em sala de aula e nos laboratórios, e acabar de vez com os professores substitutos.
Os concursos para docente devem ser repensados. Eles vêm sendo feitos, nos mesmos padrões de 20 anos atrás, quando a pós-graduação era incipiente. Hoje, não se pode esquecer que são formados cerca de 12000 doutores por ano. Os concursos para Professor Titular têm que ficar abertos durante no mínimo 120 dias. Hoje, em algumas Unidades estes concursos ficam abertos somente durante 30 dias. O debate eleitoral deixou estas e outras questões importantes de lado, caiu em promessas e propostas vazias. Agradar e não descontentar o eleitorado passou a reger os discursos de alguns dos candidatos. Um Reitor deve exercer sua autoridade sem ser autoritário. Promessas e recompensas não cabem mais na UFRJ do século XXI. Um debate vazio de idéias, como está sendo este, levará certamente a uma grande abstenção nesta eleição para Reitor da UFRJ.  O modelo de debate adotado, no estilo do ocorrido nas últimas eleições presidenciais, contribuiu para o pouco aprofundamento das questões de fundo. Como candidato a Reitor pela Chapa 99, ao aceitar o modelo de debate que ocorreu, não posso eximir-me de culpa.
Entretanto, gostaria de mais uma vez reafirmar que não somos adversários, somos apenas candidatos a Reitor, e que terminada as eleições, o Reitor eleito deve ter o apoio de todo o corpo social da UFRJ, e dos outros três candidatos. A UFRJ somos todos nós. Por isso é importante votar. Por uma UFRJ autônoma, crítica e plural, onde as idéias prevaleçam sobre os dogmas, e que as promessas de campanha não caiam no esquecimento.
Angelo C. Pinto
Chapa 99

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Chapa 99 mostra sua transparência no Centro de Ciências da Saúde

O auditório Rodolpho Paulo Rocco (Quinhentão) ficou lotado, nesta segunda-feira (4/04), no quarto e penúltimo debate entre os candidatos à sucessão da Reitoria da UFRJ (2011-2015). Não era pra menos, o Centro de Ciências da Saúde (CCS) é o maior colégio eleitoral da UFRJ e é na área da saúde onde estão baseados todos os quatro indicados nas chapas para ocupar a vice-reitoria.

Em meio a um público híbrido trajando camisetas amarelas e roupas azuis, exibindo ainda no peito botons de seus respectivos candidatos, a chapa 99 destacou-se entre as demais por abdicar da propaganda político-acadêmica e optar por uma campanha baseada na transparência de idéias, com uma proposta embasada para transformar a UFRJ em, realmente, uma universidade do século XXI.

A chapa 99 quer uma UFRJ verde e nesse aspecto é importante que termos consciência que a universidade do século XXI não permite mais esse tipo de propaganda. Não permite também camisetas amarelas e nem botons. Uma eleição para reitor da UFRJ tem que ser feita na base de ideias” – observou o Prof. Angelo Pinto, candidato da chapa 99.

Para o professor titular do Instituto de Química é urgente que se faça o resgate acadêmico da UFRJ. “Nós não somos mais unânimidade nem no Rio de Janeiro e muito menos no Brasil. Estamos atrás não só das Universidades de São Paulo como também de outras federais” – afirmou.


Propostas para o Centro de Ciências da Saúde

O CCS em termos de pesquisa, sem dúvida, é o Centro mais avançado da UFRJ. Por outro lado, as condições de trabalho aqui são muito precárias. Não podemos, entretanto, isentar os professores do CCS por essa situação” – advertiu o candidato da Chapa 99.

Em sua fala, chamou a atenção para o fato de que também é responsabilidade de todos os diretores de unidades a captação de recursos para melhorar a sua infraestrutura e não só a aquisição de grandes equipamentos. “Esse é um aspecto que não pode ser negligenciado!” – exclamou.

Não a como nos dias de hoje a Reitoria abrir a carteira e tirar todos os recursos para um determinado centro na UFRJ, mas há maneiras de manter e aprimorar a infraestrutra de cada centro. O que nos podemos e o que a chapa 99 pretende fazer, é discutir como os recursos orçamentários podem ser destinados a melhoria da infraestrutura do CCS, já que é aí onde se tem a liderança de pesquisa na nossa universidade” – explicou o Prof. Angelo Pinto


Otimizando recursos do CT-INFRA

O CT-Infra é um fundo setorial criado para viabilizar a modernização e ampliação da infraestrutura e dos serviços de apoio à pesquisa desenvolvida em instituições públicas de ensino superior brasileiras, por meio de criação e reforma de laboratórios e compra de equipamentos, entre outras ações. Para a chapa 99, deveria haver uma negociação estratégica entre os pesquisadores da UFRJ para que, a cada ano, um grupo específico recebesse estes recursos. Esta negociação é necessária.

Quando eu coordenei os recursos dos primeiro CT-Infra do Centro de Ciências Matemáticas (CCMN) e Centro de Tecnologia (CT) no montante de quase 5 milhões de reais, fizemos um plano executivo e o executamos. A COOPE se absteve de receber esses recursos em função das  condições ótimas de infraestrutura que já dispunha” – ilustrou o candidato. Em sua opinião, seria possível implementar um rodízio de CT-Infra, já que esses recursos são de um montante considerável.
Angelo Pinto completou dizendo que o CT-infra poderia ainda ser usado na criação de laboratórios compartilhados para doutores recém ingressos nos centros. “É extremamente importante que os novos docentes tenham o apoio” – observou o candidato que tem entre suas propostas a criação de um “Curso de Minerva” para familiarizar todos os novos docentes, técnicos administrativos e alunos com a estrutura universitária da UFRJ.
No Curso de Minerva os docentes recém-ingressos irão conhecer como funcionam as principais agências de fomento nacionais e internacionais e seus principais editais. Grupos mais experientes poderão ensinar para os mais jovens o caminho da captação de recursos para pesquisa” – explicou o Prof. Angelo Pinto.

Repúdio a Medida Provisória 525 e 520

Aprovada em 14 de fevereiro de 2011, a Medida Provisória 525 dispõe que as vagas de professores nas instituições podem ser ocupadas por professores temporários, sem a obrigatoriedade da promoção de concursos públicos. Quando questionado sobre a MP 525, o candidato da chapa 99 mostrou-se contra a medida:

Somos contrários a professores substitutos nessa universidade. Nós alcançamos um nível em que substitutos não cabem mais na UFRJ. Temos uma pós-graduação muito forte. Vários cursos com conceito na Capes 6 e 7. Por que não usar os alunos de doutorado em funções docentes supervisionadas?

No que diz respeito à Medida Provisória 520, que cria a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH) com a finalidade de gerir os hospitais das instituições federais de ensino superior, o Prof. Ângelo Pinto também se mostrou contrário.

Essa Medida Provisória nos devemos rechaçar, mas também não é com a política de contratação extra-quadros atual que o Hospital Universitário vai se desenvolver. O HU deve ser, antes de mais nada, um laboratório de Ensino e Pesquisa” – observou o candidato sugerindo a criação de uma comissão interna e externa para dar um norte para o hospital Universitário.

Espelhando-se em Hospitais Universitários modelos como o da Federal do Rio Grande do Sul (UFRS) e com o auxílio de uma junta de ex-diretores do Hospital Universitário, será possível organizar sua gestão e definir suas prioridades. Para a chapa 99, não é o Reitor que deve tomar a frente do processo, mais sim o seu corpo social.

Pauta semestral para Conselho Universitário
Uma pauta semestral com itens a serem de debatidos no Conselho Universitário foi proposta pelo candidato Ângelo Pinto para que o Conselho tenha certa organização. Para ele, o Conselho Universitário é a principal instância dessa universidade e ele não deve existir somente para apagar “incêndios”, tem que discutir os rumos da UFRJ. “É importante que essa pauta exista em função dos grandes problemas dessa universidade” – explicou.


Recapitulando as propostas

No debate à sucessão da Reitoria, realizado no Centro de Ciências da Saúde (CCS) da UFRJ, o Prof. Angelo Pinto aproveitou para reiterar outros pontos importantes de sua plataforma de gestão da universidade. Entre eles a necessidade de cada centro apresentar relatórios anuais de suas atividades (transparência), incentivo à qualificação do corpo técnico-administrativo da UFRJ, política de expansão dos cursos de licenciatura noturna e assistência estudantil mediante contrapartida de prestação de serviços à comunidade.
Na chapa 99 não há promessas e muito menos recompensas. Cada um de vocês eleitores tem que decidir o que é melhor para a Universidade. Aquele que traz realmente uma proposta nova. Votem sem medo. Votem no melhor” – recomendou Ângelo Pinto que encerrou o debate deixando a seguinte mensagem:
 - Nós temos estudantes excelentes, um ótimo corpo docente e bons técnicos-administrativos – e eu, como sou químico, diria –  na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma e é com esse material humano que nos poderemos fazer a universidade do século XXI!

Por Lúcia Beatriz Torres
Jornalista